
O Diretor Executivo do Serviço Nacional de Saúde, Álvaro Almeida, foi ouvido no Parlamento por requerimento do partido Chega, na sequência de dois casos relacionados com gravidezes, ocorridos no início de junho e na noite de 4 de julho. O responsável classificou estes desfechos como “infelizes e lamentáveis”, mas esclareceu que não existe base para afirmar uma relação direta entre os acontecimentos e o encerramento temporário de urgências obstétricas.
Álvaro Almeida explicou que os constrangimentos nas urgências de obstetrícia resultam da escassez de especialistas. Para assegurar o funcionamento ininterrupto das 39 urgências seriam necessárias mais de um milhão de horas anuais de obstetras, mas o SNS dispõe apenas de cerca de metade. Apesar desta limitação, a disponibilidade dos profissionais tem permitido manter a funcionar, em permanência, mais de 90% das urgências.
O responsável reconheceu que a única solução efetiva seria duplicar o número de obstetras, algo impossível de alcançar no curto ou médio prazo. Por isso, defendeu que a resposta deve passar pela reorganização da rede, com a concentração de recursos em pontos únicos de atendimento em cada região, garantindo cuidados diferenciados e contínuos.
O Diretor Executivo destacou ainda que o plano de coordenação em vigor tem mostrado resultados, com uma redução do número de dias de encerramentos face ao ano anterior. Acrescentou que os problemas estruturais exigem medidas graduais, incluindo a revisão da rede de referenciação hospitalar, já em curso, e o estudo da criação de um centro materno-infantil na Margem Sul.
Ver audição – https://www.canal.parlamento.pt/cid/8686/audicao-do-diretor-executivo-do-servico-nacional-de-saude